ATA DA QÜINQUAGÉSIMA NONA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM
14.06.1988.
Aos quatorze dias do mês de
junho do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Qüinquagésima Nona Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da
Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Qüinquagésima Oitava Sessão
Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Hermes Dutra,
01 Emenda ao Projeto de Lei do Executivo n° 28/88 (proc. n° 1010/88), que
estabelece o Plano de Carreira do Magistério Público Municipal, dispõe sobre o
respectivo Plano de Pagamento e dá outras providências; pelo Ver. Ignácio Neis,
04 Pedidos de Providências, solicitando substituição de lâmpadas queimadas na
Rua João Vedana nºs 476, 586 e 538, na Rua. Dr. Pereira Neto, em frente ao n.º
1428, na Rua Vitor Silva, em frente ao n.º 149 e colocação de tampa de bueiro
localizado na Rua Dr. Pereira Neto, em frente ao n.º 1428; pelo Ver. Jorge
Goularte, 01 Pedido de Providências, solicitando fixação do suporte do ponto de
luz existente na Rua Soldado José da Silva, em frente ao n.º 24. Do EXPEDIENTE
contaram: Ofícios nºs 313; 315; 316; 317; 318; 319; 321; 322/88, do Sr.
Prefeito Municipal. Ainda, foi apregoado o Ofício n.° 323/88, do Sr. Prefeito Municipal,
que solicita licença para afastar-se do Estado, nos dias dezesseis e dezessete
do corrente mês. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Nei Lima discorreu sobre o Projeto
“Mutirão”, do Executivo Municipal, que visa levar às zonas carentes de Porto
Alegre a possibilidade de realização de obras que beneficiam a população.
Destacou, em especial, a área de Belém Novo, dizendo que ali várias obras vêm
sendo realizadas através do Projeto “Mutirão” e comentando pressões que foram
exercidas com relação a uma possível emancipação daquela zona. O Ver. Nilton
Comin falou sobre o Hospital de Pronto Socorro, salientando a grande
abrangência de seus atendimentos, que alcançam, inclusive, a pessoas de outros
Estados. Teceu comentários sobre o corpo de funcionários desse Hospital,
declarando ser o mesmo altamente qualificado e analisando o Projeto de Lei do
Executivo n.º 31/88 em tramitação na Casa. O Ver. Nereu D´Ávila criticou Emenda
da Assembléia Nacional Constituinte, de criação de um mandato-tampão para
Prefeitos e Vereadores. Criticou, também, a possibilidade de prorrogação dos
mandatos municipais, declarando-se favorável à realização de eleições ainda
neste ano para um mandato de quatro anos. O Ver. Cleom Guatimozim fez uma
análise dos planos e metas do atual Governo Municipal, declarando que a
educação e a saúde são pontos prioritários na administração do Pref. Alceu
Collares. Falou sobre o Projeto de Lei do Executivo n.º 31/88, dizendo que
este, assim como vários outros projetos importantes para a Cidade, vem
encontrando problemas em sua tramitação nesta Casa. Solicitou o apoio deste
Legislativo para os projetos do Executivo que objetivem o benefício da
comunidade. O Ver. Marcinho Medeiros reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do
Ver. Cleom Guatimozim, acerca dos planos do Executivo Municipal para os setores
de educação e saúde, analisando a política adotada pelo Pref. Alceu Collares
com relação ao funcionalismo público municipal. Criticou a atuação do Pref.
Alceu Collares em vários setores de Porto Alegre, principalmente nas zonas mais
carentes do Município. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Raul Casa teceu
comentários sobre o Governo Estadual, salientando a divulgação dada pelo Gov.
Pedro Simon sobre uma possível recuperação da CRT. Criticou o sistema de
telefonia rural implantado no Estado, salientando os excessivos aumentos
ocorridos nas taxas desse sistema, o que onera fortemente o nosso trabalhador
rural. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Rafael Santos comentou a Operação
“Colírio” que atualmente é empreendida pela Secretaria Municipal do Meio
Ambiente, com o objetivo de retirar a propaganda ilegal colocada na Cidade,
congratulando-se com aquela Secretaria pela iniciativa tomada e destacando
algumas áreas onde a propaganda visual ilegal ainda se encontra muito presente.
Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon parabenizou-se com a
administração do Prof. Joaquim Felizardo à frente da Secretaria Municipal de
Cultura, questionando acerca de uma possível saída de S. Sa. dessa Secretaria.
Falou sobre ação a que deu entrada na Justiça o Prefeito Municipal contra o
Gov. Pedro Simon, acerca de prováveis débitos do Estado contra o Gov. Pedro
Simon, acerca de prováveis débitos do Estado para com o Município, ressaltando
as conseqüências que poderão advir dessa medida. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE,
o Ver. Brochado da Rocha referiu-se ao pronunciamento do Ver. Flávio Coulon,
acerca de ação a que deu entrada na Justiça o Prefeito Municipal contra o
Governo do Estado. Falou sobre a Comissão estabelecida na Casa acerca do
Projeto Praia do Guaíba, dizendo que esta Casa deve buscar o esclarecimento de
qualquer dúvida que paire sobre o conteúdo ou a tramitação desse projeto. Ainda
em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Elói Guimarães referiu-se ao pronunciamento, de
hoje, do Ver. Flávio Coulon, acerca da ação empreendida pelo Pref. Alceu
Collares, contra o Gov. Pedro Simon, em face de prováveis débitos do Estado com
o Município, analisando a mesma e destacando que ela não possui qualquer dano
contra a pessoa do Sr. Pedro Simon. O Ver. Werner Becker falou de ação judicial
empreendida pelo Pref. Alceu Collares contra o Gov. Pedro Simon, ressaltando
que uma medida desta envergadura deveria, necessariamente, antes de ser
adotada, chegar ao conhecimento da Casa. O Ver. Antonio Hohlfeldt comentou os diversos
assassinatos e agressões de que vem sendo vítima o povo brasileiro, ressaltando
a necessidade de manifestações constantes em defesa do respeito aos Direitos
Humanos no País e em todo o mundo e lendo manifesto assinado por funcionários e
Vereadores da Casa, a esse respeito. E o Ver. Jorge Goularte discorreu sobre o
Projeto de Lei do Legislativo n.° 31/88, em tramitação na Casa, comentando a
Lei Complementar n.º 178, de sua autoria e lamentando a forma negativa como sua
lei está sendo recebida pela imprensa. Nada mais havendo a tratar, o Sr.
Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e vinte e três minutos,
convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às
dezessete horas, para entrega do título
de Cidadã Emérita a Sr.ª Vera Lia Fortini Cavalheiro. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Frederico Barbosa e Rafael
Santos e secretariados pelos Vereadores Rafael Santos e Ennio Terra, o último
como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Rafael Santos, 2º secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos
Senhores Presidente e 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Passamos
à
Com a palavra, o Ver. Nei Lima.
O SR. NEI LIMA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, senhores e senhoras do nosso HPS. Nós queremos, hoje, falar sobre o
projeto Mutirões, o Projeto do Governo Alceu Collares que tem levado às vilas e
bairros de Porto Alegre, obras e condições para aqueles que habitam em locais que
não levam e que não sofrem obras há mais de 20, 30, 40 e até 50 anos. O Projeto
Mutirão vem com uma concepção toda nova, uma concepção de que o trabalhador que
tem as suas horas de trabalho, ele serve como fiscal de obras nas obras do
Município e não de trabalhador, como é a maioria dos casos em que o PMDB a
nível federal e estadual, e o próprio PFL que é governo federal, executa com as
obras de CEAPs e tantas outras siglas existentes nestes governos. O Mutirão do
PDT é diferente. A comunidade serve de fiscal; executa-se as obras do Município
e a fiscalização é exercida pelo povo. E eu quero citar o Mutirão de Belém
Novo, da Zona Sul onde nós sofremos com a loucura de alguns peemedebistas que
concorreram a várias eleições e nunca conseguiram eleger-se a síndico de seu
próprio edifício, e que acharam-se no direito, com mais meia-dúzia de loucos e
apoiados por outros Vereadores desta Casa, a emancipar uma área nobre da
Cidade, uma área de lazer puro e intenso. E nós que também militamos por
aquelas plagas, exercemos uma pressão sobre o governo municipal para que lá
fosse executado o mutirão de Belém Novo, quando se diz Belém Novo é o extremo
Sul, porque atinge o Lami, Ponta Grossa, até um pedaço da Restinga. E quando
assumimos nesta Casa, nós fazíamos um discurso onde elogiávamos Flores da
Cunha, que tinha sido o homem que há 50 anos atrás tinha feito a Estrada Juca
Batista e, de lá para cá, nada mais havia sido feito até há dois meses atrás.
Conseguimos com o auxílio da comunidade, uma luta incessante, em que comunidade
iria dizer aos nobres Deputados do Estado do Rio Grande do Sul, que o projeto
de emancipação de Belém Novo era um atentado contra os seus moradores, era um
atentado porque era um projeto mal elaborado, mal formulado, inconstitucional,
irregular e tantos outros adjetivos que poderíamos qualificar aquele projeto
mal-fadado. E até nesses problemas de emancipação o Governo do Estado nunca
esteve atento, nem a Assembléia, o exemplo disso é Ana Rech. Fizeram um
projeto, o Governador aceita o projeto e depois veta por pressões econômicas.
Lá, que tinha condições de emancipar, o governo se corrompe por pressões. Nós
não podemos aceitar aqui, a comunidade da Zona Sul não pode ver a sua
comunidade dividida. E nós e outros Vereadores da Casa lideramos uma manifestação
onde 90% da comunidade era contra a emancipação, pressão esta que serviu ao
Governo do Município, a que executasse obras dentro do Projeto Mutirão. Estamos
fazendo a Estrada Juca Batista, dizemos o itinerário do ônibus Xavantes. Esta
Casa já havia votado o BIRD 3 e o Governo Federal do PMDB, por intermédio do
Magadan e do nosso companheiro André Forster, ex-Presidente desta Casa, agora
na Metroplan, engavetaram. Engavetaram, porque é um Governo de oposição e não
deram um centavo ao Município de Porto Alegre. Eles estão devendo, não ao
Governo Municipal, não ao Prefeito do PDT, mas a esta comunidade a qual eles
engambelaram no Plano Cruzado, que usaram e usam até hoje com aquela falsa
distribuição de leite. Estão distribuindo o que é nosso, o que é do povo e não
o que é do PMDB.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador Nei Lima, V. Exa. toca num assunto
muito importante, porque é uma área da Cidade que merece a consideração de
todos nós. Agora, eu só espero que o Executivo Municipal realmente atenda aos
Bairros da Zona Sul. Eu digo, agora, porque havia uma parcela importante da
comunidade desencantada com o Poder Executivo Municipal e V. Exa. é testemunha
disso, porque lutou muito por aquela área e pouco recebia, eu mesmo vi V. Exa.
falar várias vezes dessa tribuna em relação a estes problemas e espero que seja
atendida, agora, também, a Lomba do Pinheiro, a Restinga, a ligação da Lomba do
Pinheiro com a Restinga, enfim, obras que são importantes para a comunidade e
que vão atender a Zona Sul, desafogando a área do Menino Deus, Azenha e,
também, a Aparício Borges. Se fizéssemos uma ligação direta da Restinga pelo
Pinheiro, nós teríamos uma possibilidade muito maior de escoamento e é isso que
aquela área precisa.
O SR. NEI LIMA: O Município de Porto Alegre
vem executando obras no extremo Sul da Cidade, haverá outros mutirões, o
mutirão da Restinga, e nós conversávamos com o Prefeito Alceu Collares sobre
aquele Projeto Praia do Guaíba, sobre aquela verba da Petrobrás que foi votada
por esta Casa, que fosse aplicado parte daquele dinheiro, que era para ser
posto em ruas ou bairros da Cidade, na Costa Gama. Enquanto V. Exa. fala,
Vereador, na saída pela Lomba do Pinheiro, que é muito importante, a Costa Gama
é um local que também desafogará a Zona Sul de Porto Alegre. São
aproximadamente 5 km, 5,5km que irão reduzir o horário – não o trajeto em si –
ou melhor, o tempo que os moradores da Zona Sul e da Restinga utilizam para
fazer toda a volta e chegar no Centro da Cidade. Isso irá beneficiar aqueles
trabalhadores que estão obrigados a morar longe do Centro da Cidade, que não
precisarão acordar tão cedo e até poderão não chegar tão tarde em casa. Então
quanto ao Projeto da Petrobrás e a verba mandada pela mesma, nós já solicitamos
ao Prefeito, e ele deverá enviar logo um rol de ruas e estradas que serão
beneficiadas, o que irá ser decidido pela Câmara. Por isso, estou na tribuna
solicitando aos companheiros Vereadores, para que examinemos onde vamos colocar
esta verba. É pouca, não dá para toda a Cidade mas, em trajetos como este,
poderá beneficiar sensivelmente os trabalhadores. E o Projeto Mutirão fez com
que a Zona Sul tivesse uma nova vida, e aquela área que era emancipada por meia
dúzia e apoiada por mais dois ou três Vereadores, foi para as cucuias. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Nilton Comin.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero cumprimentá-lo, Vereador, pois V. Exa., como
sempre, trata com muita propriedade os assuntos, principalmente os ligados à
área da saúde, àqueles que dizem respeito à saúde da população de Porto Alegre.
Aproveito a oportunidade para agradecer-lhe pelo apoio à minha Emenda e,
também, gostaria de dar um pouco mais de esclarecimento às pessoas que não
entendam. Uma pessoa que trabalhou 15 anos no Pronto Socorro, veja bem, já é
difícil uma pessoa ficar 15 anos num só local, trabalhando, ainda mais com as
condições adversas do Pronto Socorro, essa pessoa merece a maior consideração.
Costumo dizer que até quem passa em frente ao Pronto Socorro deveria receber
insalubridade, quanto mais trabalhando lá.
É preciso que fique bem claro que a Bancada do PDT deu a palavra de que
este benefício seria estendido a todas as categorias funcionais do HPS.
Ficaremos atentos no sentido de que ninguém fique de fora. Sob o aspecto do
inativo, todo ativo de hoje será inativo amanhã e toda pessoa que tem um
direito adquirido hoje deverá ter esse direito consagrado ao se aposentar. Não
fosse assim teríamos dois tipos de aposentadoria, o que seria uma injustiça.
Sou grato.
O SR. NILTON COMIN: Na verdade, a sua Emenda
restabelece o direito de todos aqueles que trabalham no HPS. A Secretária da
Saúde do Município o que é? Ela tem sete pequenas unidades prestadoras de saúde
e o Pronto Socorro. Dos 8% do Orçamento que a Prefeitura gasta em saúde
pública, 4% são do Pronto Socorro. Por quê? Porque em matéria de urgência em
Porto Alegre, dos vários hospitais que possuímos e que prestam bom serviço, sem
dúvida alguma é o HPS o que lidera há muitos anos. Foi no HPS que as clínicas
de Traumatologia e Ortopedia ministravam seus ensinamentos quando Porto Alegre
era uma cidade pequena. Foi ali a escola, o fundamento da escola de
Traumatologia e Ortopedia, ao lado da Santa Casa de Misericórdia. Ali
formaram-se grandes mestres em Medicina no Rio Grande do Sul. Foi o HPS, sempre
aberto a todos, que granjeou em todos os governos, de todos Partidos, um
princípio: ele não pertence a um partido político. Hoje o HPS é uma instituição
que nem à Cidade de Porto Alegre ele pertence. Por quê? Foi devido à presteza
dos seus funcionários, entre os quais aqueles que já estão aposentados e outros
que já se foram, foi devido a esse trabalho que agora esta Casa tem a obrigação
de unanimemente votar favoravelmente. É uma obrigação da Casa, não existe sigla
partidária que nos separe porque este quadro de dor em que vive hoje o Brasil,
e quando uma família sente uma dor muito grande com um acidente lamentável,
nesse quadro, o semblante confiável é o Hospital de Pronto Socorro. Eu tenho
quatro entradas no Hospital de Pronto Socorro por acidentes e quem entra não
sabe o que vai acontecer, mas a Casa que o recebe com igualdade é o Pronto
Socorro, e chegou o momento de os Vereadores desta Casa, independente das
siglas partidárias, mostrarem o que representa o povo desta Cidade.
A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Nilton Comin, V. Exa. é um “expert” realmente e
sempre que se pronuncia a respeito eu escuto, como todos os seus pares, com a
devida atenção e respeito, acho que V. Exa. focaliza um assunto de extrema
importância, porque dentro da Cidade de Porto Alegre o Pronto Socorro é o seu
coração; é o seu coração vivo e palpitante, e nós temos que cuidar deste
coração, ele não pode sofrer parada nenhuma. Acho que V. Exa. tem toda a razão,
nós vamo-lhe dar todo o apoio. Esta Casa é unânime na aprovação de qualquer
benefício ao Pronto Socorro, porque ele é uma das prioridades do Governo de
Alceu Collares. Eu me parabenizo com V. Exa. que ,como sempre, traz a esta Casa
e a consideração do Plenário, assuntos de extrema importância para o contexto
da Cidade. Eu estou solidária com V. Exa., no que diz respeito ao Pronto
Socorro, porque realmente ele é fonte de vida e necessita ser cuidado e
ressalvado.
O SR. NILTON COMIN: Ao concluir, Sr.
Presidente, devo dizer que ficarei muito triste se houver um voto contrário ao
Hospital de Pronto Socorro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra o Ver. Nereu
D´Ávila.
O SR. NEREU D´ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, embora algumas pessoas pensem que de nada adianta aos segmentos da
Nação que não concordam com aquilo que é decidido nos corredores do Congresso
Nacional, através da Constituinte, eu ouso dizer e discordar para levantar a
voz, para profligar, para criticar e para condenar aqueles que estão preparando
para a Nação brasileira mais uma frustração, e para a classe política, em
especial. Um dos maiores calotes depois do Plano Cruzado, refiro-me ao
mandato-tampão que está sendo articulado por um Deputado, e cuja Emenda parece
que está obtendo a mais ampla aceitação no Congresso Nacional, na Assembléia
Constituinte. E quero dizer mais: se alguns dizem que há setores dos Vereadores
do Brasil e de Prefeitos que desejam, por motivos diversos, a prorrogação dos
mandatos parlamentares até novembro de 89, há também setores honestos e
sinceros que não o desejam, que não aceitam a prorrogação dos mandatos. Entre
esses setores, esta Casa do Rio Grande do Sul, esta Câmara de Vereadores tem
sido um dos segmentos que mais tem levantado a voz contra a prorrogação dos
mandatos. E, safadamente, alguns dizem que se fala uma linguagem para o público
e outra linguagem particular, desejando a prorrogação. Pois no que tange a nós,
particularmente, queremos dizer de público e particularmente que a Nação
brasileira está esperando o pleito de 15 de novembro e, pior do que
prorrogação, do que qualquer outra manobra, é querer partir-se um mandato que é
íntegro, que é um mandato já de tradição de 4 anos, partido ao meio, para dar
uma pseudo-solução de mandato tampão de 2 anos com direito à reeleição dos
Prefeitos em 1990. Ora, são aqueles segmentos do centrão e do conservantismo na
Constituinte. Os Deputados Federais sabem que, principalmente os Vereadores do
interior, eles têm que ajudar financeiramente, e querem a prorrogação, porque
não querem gastar agora e no ano que vem. São eles os responsáveis pela
prorrogação. E então, agora, existem outros que querem duas despesas em dois
anos seguidos. Ou é o extremo de não querer-se despesas ou é o extremo de
querer-se despesas demais, pois nós ficamos com o normal, com o que sempre
aconteceu com os mandatos parlamentares de 4 anos e com eleição de a cada 2
anos; e se agora, extemporaneamente foi prorrogado o mandato do Sr. Sarney
contra a Nação brasileira, goela abaixo da sociedade brasileira, não é possível
que se queira, agora, fazer um remendo com um mandato-tampão, alegando-se que
dá-se o direito de reeleição aos Prefeitos em 90. Mas e nós? Nós Vereadores
como ficamos? Não temos o direito sagrado de tradição republicana brasileira
dos 4 anos de mandato? E não fomos nós, inclusive os anteriores a nós, que nós
somos parlamentares da última legislatura de 82 para cá, mas façamos justiça
aos anteriores a nós; não foram eles pelo menos no que tange à Câmara do Rio
Grande do Sul, a Câmara de Porto Alegre especialmente, não foram os Vereadores
da época que pediram o mandato de 6 anos. Quem deu foi a ditadura, o
autoritarismo. Ninguém pediu, como agora ninguém está pedindo, pelo menos aqui
nesta Casa, prorrogação nenhuma, muito menos mandato-tampão. Nós queremos o
confronto com as urnas em 88, em 15 de novembro de 88, com direito de 4 anos,
como é da tradição democrática do Brasil. Portanto levanto a minha voz aqui, da
província do Rio Grande, da Capital gaúcha, para dizer que é um absurdo, um
remendo, uma idiossincrasia, uma palhaçada o mandato de 2 anos, com
prorrogação, sem prorrogação, com direito à reeleição, que é outra excrescência
no direito eleitoral brasileiro. Nunca houve reeleição nem para Presidente, nem
para Governador, nem para Prefeito na tradição democrática brasileira. Nós
queremos penas, e nisso não abrimos mão, a normalidade; o povo brasileiro já
engoliu 20 anos de ditadura, já engoliu agora este horror, este absurdo da
ampliação de um cidadão que não foi eleito – ampliação do seu mandato, o Sr.
Sarney que em todas as pesquisas do Brasil sempre teve mais de 70% de repúdio
de não–concordância com a sua permanência na Presidência e cujo mandado foi
prorrogado até o ano que vem.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Deve ser algum Deputado de Cacimbinhas, que não sabe
o que é uma eleição em Capital, que não conhece como se faz uma eleição numa
Capital para querer que haja um mandato de dois anos. Esquecem os Deputados que
os Prefeitos de Capitais foram eleitos por apenas três anos, e não por seis
anos. E mais, esta Casa, por unanimidade, jamais pediu a prorrogação, mas se
querem a coincidência de mandatos, por que não fazer esta coincidência nas
outras eleições, e não daqui a dois anos. Porque, como podem Vereadores de uma
Capital, que vão gastar uma barbaridade na campanha, isto é, uma coisa
inegável, de que forma poderão ser candidatos por dois anos? Só um camarada de
Cacimbinhas é que não sabe disto, e vota à sua vontade e não tem conhecimento
da realidade brasileira.
O SR. NEREU D´ÁVILA: E esta história de
coincidência é balela, porque exatamente esse mandato de seis anos, que estamos
concluindo foi em nome da descoincidência. Então, é apenas mais uma desculpa.
Sou contra a coincidência de mandatos. Os países mais democráticos do mundo
usam eleições. A França todo o mundo viu na televisão e ouviu nos rádios teve
seis eleições em menos de dois anos. E nem por isso a França deixou de ser a
França. É atualizar a eleição, é consultar o povo. O real do Brasil seria fazer
eleições agora para o Congresso Nacional, porque duvido de que o PMDB pusesse,
agora, a metade dos Deputados que pôs na vergonha, no descaramento do Plano
Cruzado. Todo o mundo sabe disso. Então, quanto mais eleições melhor, mas tudo
dentro dos parâmetros normais. O mandato de seis anos foi imposto. E no que
tange ao Prefeito Alceu Collares, particularmente, sobre este assunto, falei
com ele e embora ganhando um mandato atípico de três anos, jamais pediu ou
sequer pensou no aumento do seu mandato para quatro anos, porque programou a
sua administração para três anos. Tanto que os 15 CIEMs que ele construiu, que
são enormes, em alguns casos, e que tinham tempo para a sua construção, ele
previu dentro dos 3 anos para que eles estejam concluídos no dia 15 de novembro
de 1988. Portanto, nem aqueles que tiveram mandatos menores que 4 anos, no que
tange a Porto Alegre, estão pedindo justiça, prorrogação de mandato, quanto
mais aqueles, como nós, que ganharam 6 anos de mandato.
Então, eu sou
radicalmente contra este mandato-tampão, é mais um absurdo.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Sr. Vereador, apenas para dizer que a nossa Bancada se soma ao
pronunciamento de V. Exa. e lamenta profundamente que Líderes do PFL estejam
engajados neste movimento safado e sem-vergonha, porque nada mais são que
safados e sem-vergonhas aqueles que pretendem fazer este jogo. V. Exa. tem toda
razão. Somamos ao pronunciamento de V. Exa., lamentando que Líderes de além-mar
do nosso Partido estejam vinculados a esta sórdida campanha.
O SR. NEREU D´ÁVILA: Muito obrigado, Vereador.
Eu concluo propondo, inclusive, que a Mesa em nosso nome, em nome dos
Vereadores de Porto Alegre, envie um telex a estes aventureiros e
irresponsáveis que, a cada dia, inventam mais manobras, mais maneiras de
tangenciar aquilo que é fundamental em democracia, as eleições. Quem tem medo
de eleições que não concorra, porque nós desejamos concorrer para legitimar o
nosso mandato. Quando falamos aqui desta tribuna, queremos que o povo esteja
vendo em nós os seus representantes e não biônicos, o que foi uma página negra
na História do Brasil. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Com a palavra o Ver. Cleom
Guatimozim, por tempo cedido pelo Ver. Paulo Sant´Ana.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, temos observado que, nesta Legislatura, com a atual composição da
Casa, têm surgido situações e acontecimentos que antes não ocorriam. E, desejo
analisar, em primeiro lugar, os planos e a meta do Prefeito Alceu Collares. Nós
sabemos que a educação e a saúde – saneamento básico – são metas da atual
Administração. E, nesta Casa tem havido, por parte dos Vereadores, e da Casa,
em sua maioria, uma situação de apoio a esta meta, porque ela reverte em favor
da Cidade. Entretanto, nós estranhamos que, aqui mesmo, na composição desta
Casa, alguns partidos políticos tomem posições duvidosas, bastante duvidosas, e
procurem, nessas posições reverterem e acusarem o resto da representação
parlamentar nesta Casa, que é a maioria esmagadora. Ora, antes e até por
motivos éticos, quando alguém aqui perdia uma votação, não fazia nenhuma
espécie de acusação a ninguém. Hoje isto tem sido a praxe.
Vejam, por
exemplo, o problema aos professores. É meta do Prefeito Alceu Collares, da
Administração do PDT, a educação. Os senhores sabem o que está sendo feito na
educação em Porto Alegre, hoje. Os senhores sabem o que representam os CIEMs em Porto Alegre, hoje.
A verdade é que foi feita uma verdadeira revolução no ensino em Porto Alegre.
Hoje, quando uma professora é nomeada, ela não assume a sala de aula, não; ela
é nomeada e, depois de ter sido designada a aula em que ela vai ser mestra, ela
vai visitar cada aluno em sua casa, ver somo esse aluno vive, que tipo de educação
ele recebe, quais são suas condições sócio-econômicas. E, depois de visitar
todos esses alunos, ela vai fazer um relatório, para ser entregue ao
coordenador e só então ela vai lecionar aqueles alunos que ela já conhece, que
ela sabe como vivem. Cito apenas uma das inovações da educação.
Na saúde, Srs.
Vereadores, um dos primeiros marcos a ser verificado é o Hospital de Pronto
Socorro, que nós sabemos atende pacientes de outros Estados, de todos os
Municípios gaúchos e onde os funcionários ganham mal, onde não há o necessário
recurso que é, exatamente, o material de trabalho. Então, o Pronto Socorro anda
impulsionado pela boa vontade dos funcionários e, se trabalham com má vontade,
é com toda a razão, porque quem ganha mal, quem não tem material para trabalhar,
não pode desempenhar um bom trabalho. A Administração do PDT quis, em primeiro
lugar, atender o Hospital de Pronto Socorro. Os senhores lembram-se, há pouco
tempo foi dado 25% de aumento e, agora, mais 70%, não só para os médicos, mas
para todo o pessoal plantonista. Mas essas duas metas atacadas agora encontram
oposição nesta Casa e não vai mais ligeiro porque há um entrave nesta Casa; há
um entrave para a educação, há um entrave para o Pronto Socorro, há um entrave
para o Projeto Praia do Guaíba e há um entrave para os projetos importantes. A
representação popular, nesta Casa, tem todo o direito e fazer oposição, aqueles
que são oposição, mas existem projetos e processos que são de interesse da
Cidade, que é do interesse do homem, é a sobrevivência do homem, o seu
orçamento e sua família, para que ele possa desenvolver um bom trabalho. É isso
o que queremos fazer! Está aí a reclassificação dos professores, está aí o
aumento do Pronto Socorro, outros virão, depois, sempre em função do
atendimento do homem, para que o homem possa sobreviver nessa situação terrível
em que nos encontramos. Veja-se o caso do Pronto Socorro, por exemplo, os
vencimentos estão muito aquém da área privada e do próprio INPS; que já paga
mal. Esses 70% vai, mais ou menos, equiparar o pessoal do Pronto Socorro à área
privada e à área do INPS. É preciso ser dado com urgência, estão aí os
empresários gaúchos dizendo que nós estamos vivendo uma hiperinflação; os
preços disparam violentamente. Parte da imprensa está interessada em desviar a
atenção sobre estes aumentos. Vejam o que fizeram agora! Lançaram o povo contra
os marajás. O povo não pensa nos aumentos do mercado, pensa nos marajás, porque
a televisão bate em cima deles. Nós temos 9 milhões de habitantes no Rio Grande
do Sul, não temos 100 marajás. E que tivéssemos 200 ou 300! O povo está contra
os marajás ou quer ser marajá, porque parte da imprensa desviou a atenção para
os marajás. E o povo, acompanhando isto, esqueceu esta inflação aspiral em que
nós vivemos. Está todo mundo em cima dos marajás. Existe até um Governador que
ganhou notoriedade nacional, porque está contra 50 marajás. Ele não é contra a
alta do custo de vida, a hiperinflação que estamos vivendo, é contra meia-dúzia
de marajás! Então, esta situação econômico-financeira terrível que vivemos
neste País é que a Administração Alceu Collares quer reparar desta forma, mas
precisa do apoio desta Casa, precisa do auxílio dos Senhores. E nós pedimos
este apoio quando se trata de homem, quando se trata de família!
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu acompanho o seu discurso, mas,
basicamente, no que se refere aos funcionários do HPS, eu acredito que V. Exa.,
Liderança do PDT, incorre num equívoco. Eu acredito que nenhum dos Vereadores é
contra o projeto do Prefeito de dar esta gratificação de 70%. V. Exa. disse que
há Vereadores que são contra, mas o que existe na Casa é um clima – e V. Exa.
sabe disso – no sentido de que todos os projetos que vieram para esta Casa sempre
têm uma série de emendas, apostas por Vereadores, até no sentido de
aperfeiçoarem os projetos. É neste sentido que diversos Vereadores de minha
Bancada, inclusive eu próprio, apomos emendas aos projetos. O clima existe no
sentido de ampliar, no que se refere á saúde, não só ao Pronto Socorro, os
benefícios aos seus funcionários. É por isto que a Casa vê com bons olhos este
Projeto, por isto eu dizia que V. Exa. incorre num equívoco em relação a este
Projeto do Pronto Socorro, dizendo que alguns Vereadores estão contrários ao
que o Prefeito está enviando para esta Casa. Não é verdade, nós estamos
querendo ampliar a benevolência do Sr. Prefeito.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Acolho o seu discurso
porque V. Exa. é um Vereador equilibrado que sempre vota com os interesses da
Cidade.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) O seu discurso baseia-se na realidade dos fatos. Os projetos mais
polêmicos que o PDT tem trazido à Casa têm contado sempre com o apoio da
Bancada do PFL. Dentro desta perspectiva quero dizer que o seu discurso deveria
incluir também a menção a este fato e nós, da Bancada do PFL, que vamos votar
hoje, amanhã, assim que for trazido a Plenário a gratificação e funcionários do
HPS, nos sentiremos gratificados. Achamos que o seu discurso é mais dirigido a
nós do que a sua Bancada. Sou grato.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Não disse que alguém vai
votar contra, mas que poderíamos como representação popular, trabalhar com um
pouco mais de pressa. O Ver. Valdir Fraga pediu urgência para o Projeto, o que
foi dado posteriormente. Foi negado porque se trata de um plano de
classificação, mas, depois, foi votado pelo Plenário. Precisamos, nesses fatos
que beneficiam o homem, a família, o servidor municipal, a Cidade, andar um
pouco mais rápido porque, hoje, vivemos a era da velocidade e não podemos ficar
atrás. A Administração Collares pede o apoio total desta Casa para que possamos
fechar o ciclo desses projetos que beneficiam funcionários, que beneficiam a
Cidade, porque outros projetos estão no prelo beneficiando outras categorias.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, é que V. Exa., falando desta maneira, induz
as pessoas que o escutam, a pensar que os Projetos enviados pelo Prefeito estão
absolutamente perfeitos e que nós estamos querendo retardá-los. Ocorre,
Vereador, que nós temos um mandato popular que não é de nenhuma classe, ele é
da população de Porto Alegre e a experiência nos demonstra isso. O Projeto do
Pronto Socorro eu até agora me neguei a estudar, porque há um pedido de
urgência; o dos professores, Vereador, tem 53 artigos e seguramente de 53, uns
20 têm erro e era isso o que os Senhores do PDT queriam que nós aprovássemos.
Os professores aqui vieram e disseram que estava perfeito, tem
insconstitucionalidade, tem erros dos mais variáveis possíveis. O Vereador
sofre a pressão e aprova. No dia seguinte, ele tem que prestar contas ao resto
da população das bobagens que ele andou aprovando. A pressa é inimiga da
perfeição, as coisas aqui dentro têm que seguir os seus trâmites normais para
que a gente possa votar conscientemente.
O Sr. Aranha Filho: Nobre Vereador, eu pediria,
já que V. Exa. está pregando pela pressa; eu pediria pressa no plano de
reclassificação total, plano de carreira total do funcionalismo municipal, e,
peço essa pressa, nobre Vereador, como Líder do PDT, Líder da Bancada do
Executivo Municipal.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu concluo, agradecendo a
tolerância da Mesa e dizendo que este pano de reclassificação total está no
prelo, está para sair. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores., parece, pelas palavras do Líder do PDT, que a Administração
Collares está sendo maravilhosa para os senhores funcionários, o Plano do
Pronto Socorro e o Plano do Magistério Municipal não repõem as perdas salariais
tidas pelos funcionários na atual Administração. O que ele fez ao HPS, e o que
está fazendo aos professores, deve também ser estendido a todos os funcionários
do Município, é claro que as conquistas de uma categoria têm que servir de
exemplo para as conquistas de outras categorias; acho que as outras categorias
devem enviar à Câmara Municipal seus planos, seus pedidos, para que o Prefeito
que é tão solícito atenda. Nós somos plenamente favoráveis ao Plano do HPS.
Favoráveis ao Plano do Magistério, votamos a favor da urgência do Plano do
Pronto Socorro, votamos contra urgência no Plano do Magistério. Parece que há
dois pesos e duas medidas. Não. É que um se preocupa, exclusivamente, em dar o
aumento a uma categoria injustiçada; o outro, além do aumento para a categoria
injustiçada, estabelecia um plano mais complexo de carreira para a categoria,
além disso, é uma exigência muito mais do Ministério de Educação e Cultura, que
impõe aos Municípios as condições de ter um plano de carreira para poderem
enviar as verbas para a Educação, portanto, é muito mais conveniente ao Sr.
Prefeito a aprovação de um plano, mesmo imperfeito, como ele veio, porque ele
vai receber recursos maiores para a Educação. Então as coisas tem que ser
analisadas friamente.
Voltando ao
assunto do Pronto Socorro, acho que não só o Pronto Socorro, mas toda a área da
Saúde, principalmente agora que se fala em municipalização da Saúde, nós
devemos pensar num plano de carreira para toda a área da Saúde. E lógico que,
dentro dessas condições de carreira para toda a área da Saúde, o Pronto Socorro
merece um destaque e um capítulo à parte, não só o pronto Socorro, mas outros
prontos socorros que a Cidade está desejando ter, porque um está afogado.
Então, nós precisamos de mais recursos hospitalares para a população de Porto
Alegre. Pois se a Prefeitura quiser manter um serviço de boa qualidade, um
ótimo atendimento para a população da Cidade, ela tem obrigação de atender bem
também aos seus funcionários, e não é só dentro do Pronto Socorro ou dentro de
uma escola que a Prefeitura presta os seus serviços à comunidade, mas existem
áreas que, até hoje, não receberam nenhuma atenção. Quem transitar pela Av.
Assis Brasil, pelo corredor de ônibus, vai ver a insegurança que existe
naqueles corredores, especialmente no trecho que vai do Renner até a Volta do
Guerino, ali por ser uma área de maior congestão operária, e por ser uma área
essencialmente operária de Porto Alegre, foram colocadas estações de ônibus de
inferior qualidade e de insegurança quase que total para os que precisam usar
os ônibus que estão no corredor. Além disto, a pista de rodagem está em péssima
qualidade, e até hoje esta Administração não se manifestou com relação a isto.
Sem contar a fuga d’água, que está já festejando um ano ou mais de existência,
no triângulo da Assis Brasil com a Balthazar de Oliveira Garcia, quer dizer, em
pleno trânsito de carros, aquela fuga d’água permanente. Então não pode a
Administração, euforicamente, ufanicamente, festejar as realizações no campo da
educação que ninguém nega. É uma realidade. Isso posso dizer porque sou
profissional. Trabalho na Prefeitura e sou um profissional ligado à educação. A
gente reconhece que embora ainda deixe muito a desejar, alguma coisa tem sido
feita em termos de ampliar materialmente a rede de ensino do Município de Porto
Alegre. O CIEM, apesar das críticas é uma realidade que, aperfeiçoando o seu
funcionamento dará, tenho certeza, bons resultados à população.
Mas não pode a
Prefeitura esquecer as escolas tradicionais, porque ela também possui escolas
que apresentam deficiências de ensino, como, por exemplo, a Escola Ildo
Meneghetti, em que o Prefeito fez uma festa para inaugurar o refeitório. Na
realidade, é uma sala de aula que faltava no colégio – não só pelo tamanho do
refeitório para poder atender o alunado, como pela necessidade da escola que
viu atendida as suas reivindicações de ampliação, porque a Prefeitura alega
que, num documento enviado pela comunidade, e esse documento ninguém sabe,
ninguém viu, ela abriu mão, juntamente com os professores do Colégio Ildo
Meneghetti, da ampliação da escola. Ora, uma comunidade para fazer isso, teria
que ser uma comunidade analfabeta e não é o caso dos moradores da Vila Nova
Santa Rosa, dos pais de alunos da escola Ildo Meneghetti, não é o caso daqueles
alunos que não puderam entrar na escola por não ter vaga. Mas é o caso de uma
administração que também precisa dar atendimento, uma olhada para as
comunidades menos favorecidas de nossa Cidade que precisam de um atendimento
melhor. Vejam bem, o CIEM é uma realidade e eu aplaudo completamente como uma
das grandes ou talvez a grande realização da Administração Alceu Collares.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Marcinho Medeiros, pertencente à Bancada do
PMDB, talvez um pouco distante do governo de V. Exa. no Estado. Hoje mesmo, as páginas
dos jornais trazem uma realidade em termos de educação e ensino. A escola, em
Ipanema, Odila Gay da Fonseca está sendo recuperada e feitas reformas dos seus
banheiros, a reforma necessária para o mínimo funcionamento com o dinheiro, o
esforço, do próprio Círculo de Pais e Mestres, da própria comunidade, porque
desde fevereiro quando foi interditada como escola, precisando de reformas que
o Governo de V. Exa. até agora não fez. Então, V. Exa. vem criticar uma escola
que recebeu um refeitório do Município, enquanto não vê que o Governo do Estado
não fez aquilo a que se havia comprometido desde fevereiro.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Nobre Vereador, me parece
que desde que o Governador Simon entrou para o Estado, todas as escolas
entraram em fase de decomposição a partir da Administração Simon, e se tornou
uma praxe, nesta Casa, principalmente, por parte de Vereadores de sua Bancada,
querer justificar os erros da sua Administração com os erros de uma outra
Administração. Acho que as coisas não podem ser feitas assim, porque não
compete á Câmara Municipal e muito mais à Assembléia Legislativa, já que é
atribuição de todo o Estado e não do Município de Porto Alegre. Fui eleito para
analisar os problemas da Cidade de Porto Alegre e encaminhá-los, através desta tribuna,
principalmente à Prefeitura Municipal, pois é esta Casa Legislativa, quando o
Prefeito precisa de aprovação de seus projetos, envia para esta Casa
Legislativa e não para a Assembléia Estadual.
Portanto, não
é tarefa nossa, exclusiva, podemos até analisar para atender às necessidades da
população, mas não é nossa tarefa querer criticar os erros de uma Administração
baseados nos erros de outra. Os erros de um não significam estímulo para que o
outro administrador também erre. O Governador Simon tem errado, não se pode
negar. Mas tem tentado acertar, também, pois pegar uma Administração com 20 e
tantos anos sem nunca mudar na corrente político-partidária que administra o
Estado e tentar renovar, pelo menos, modernizar esta Administração, não pode
ser feito num ano. Somente ao longo de um processo em que as escolas que foram
interditadas pela Administração Collares, algumas delas já foram recuperadas.
E mais uma
coisa ainda, colega, na época em que foram criados os CPMs das Escolas, eu era
líder estudantil, naquela ocasião, éramos favoráveis aos CPMs, mas não ao CPM
como ele foi colocado hoje, um órgão arrecadador de recursos para as escolas,
aliviando as tarefas do Estado, aliviando as tarefas do Município de repor a
escola no seu devido lugar, dando esta atribuição ao CPM sem se preocupar com
um dos objetivos da educação que é manter uma sintonia entre a educação que a
criança recebe em casa e a educação que a criança recebe na escola, para que
esta criança possa atuar mais consciente a nível de comunidade.
Portanto, esta
é a função primordial do CPM e não se transformar, como foram transformados os
CPMs das escolas do Estado e do Município, em simples órgãos para arrecadarem
recursos e bitributando os pais das crianças que estão lá estudando. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. Com a palavra, o Ver.
Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores., em
primeiro lugar, eu gostaria de reparar uma injustiça que cometi hoje, pela
manhã, ao ouvir, no noticiário “Câmara Informa Pela Manhã” uma notícia em que
era explanada a reunião que houve entre os Vereadores e os Professores. O meu
nome não constou da notícia e eu fui reclamar de quem fez a notícia, assim como
o Ver. Elói Guimarães. A notícia me foi mostrada por quem redigiu e o meu nome
estava incluído. Deve ter sido um lapso do locutor que deixou de nominar tanto
o Ver. Elói Guimarães como este Vereador. Mas fica aqui o meu reparo, porque
critiquei, e critiquei de público, a informação que havia escutado, quando, na
verdade, nem o Gabinete de Imprensa e, menos ainda quem redigiu a notícia teve
qualquer participação nesta omissão.
Mas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores., quem vê o noticiário dos últimos dias, quem ouve
rádio nos últimos dias, verifica que o Governo do Estado, o Governo do íntegro
cidadão Pedro Jorge Simon, está numa investida publicitária, tentando mudar uma
imagem, apertando a mão em cima de trator, visitando canteiros-de-obras, tudo
bem. Acho que imagem de Governo também precisa ser divulgada. E mais, se não
houvesse propaganda, o padre não tocaria o sino para chamar os fiéis para a
igreja no horário da missa. Mas, há algumas coisas que são simplesmente
ridículas. Vem o Governo do Estado anunciando a recuperação da CRT! Mas que piada!
É claro, fazer recuperação em cima da parca poupança do usuário é muito fácil.
O sistema de telefonia rural, implantada pelo ex-Governador Jair Soares, foi
uma das mais lamentáveis e tristes farsas que se tentou impingir à população
rural. E o prospecto – eu sou uma das vítimas – diz: (Lê:) “Telefonia rural,
uma chamada para o homem do campo, o homem que alimenta o homem da Cidade”.
Pois bem, o Governo do Sr. Pedro Simon aumentou 1600% a telefonia rural, e o
Vereador vem-me dizer que era 8000%, mas vamos deixar assim. Está aqui, de Cz$
400,00, do dia 15 de junho de 1987, passou a manutenção para Cz$ 8.164,00. Mas
não é uma beleza? Não é uma recuperação? Assim, pelo amor de Deus, não
recuperam a CRT, porque vão matar o povo! Para recuperar a CRT, para recuperar
a CEEE, para recuperar esses órgãos aí, vão descarregar no povo! Mas é um
barbaridade fazer isto! Foi isto que eles prepararam durante 20 anos para vir
aqui depois aumentar tudo de uma forma descabida, de uma forma desonesta!
É isto aí o
Governo do Sr. Pedro Simon!
(Aparte
inaudível.)
É isto aí,
vigarice! É preciso um cano 12 cerrado para acabar com essa vigarice! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Rafael Santos, pelo
tempo que lhe cede o Ver. Mano José, em Comunicações.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, foi largamente noticiado na imprensa o reinício da Operação
Colírio, pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. E eu digo reinício desta
Operação, porque este tipo de trabalho, na realidade, foi iniciado por ocasião
da minha gestão frente à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, quando nós
criamos a chamada Operação Colírio, que era realizada duas vezes por semana, de
forma sistemática, a fim de retirar dos diversos locais públicos da Cidade
publicidades e propagandas não autorizadas e não regulamentadas pela Lei. Com a
modificação do governo municipal, esta Operação foi paralisada e, durante dois
anos, esta Cidade, realmente, viu um verdadeiro festival de placas, faixas,
plaquetas, anúncios em todos os cantos da Cidade, sem autorização do Município.
Assim, eu devo saudar o atual Secretário do Meio Ambiente, que se propõe a
reiniciar – e de fato já reiniciou – a chamada Operação Colírio. E quero
lembrar ao Secretário algumas propagandas e vou me referir a uma
especificamente, localizada na parede cega do Edifício Ada, na Venâncio Aires,
449. Em 26 de março de 1987, há mais de uma no, encaminhei um Pedido de
Informações ao Sr. Prefeito perguntando se havia sido autorizada essa pintura
mural e se ela estava licenciada. No caso em que estivesse licenciada, qual o
embasamento legal para o licenciamento. O Sr. Prefeito Municipal respondeu, com
data de 30 de abril de 1987, que, realmente, se tratava de uma propaganda
não-licenciada e que não havia embasamento legal para o licenciamento da
referida propaganda. Considerando que a propaganda está exposta ao público sem
autorização do Município, notificamos a empresa para que esta a removesse num
prazo de 10 dias úteis, ou seja, até 30 de abril de 1987. Estamos em 14 de
junho de 1988 e até hoje não foi removida, ainda, a propaganda.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, chega um pouquinho atrasado esse meu
aparte, pois ele devia-se inserir quando V. Exa. cumprimentou o Secretário. V.
Exa. já se apercebeu de como nós temos, ultimamente, cumprimentado os novos
Secretários e, especialmente, os que substituíram os Vereadores desta Casa? É
sintomático, não sei o que aconteceu porque, de repente, muda o Secretário e
desencadeia uma Operação Colibri; muda o Secretário dos Transportes e
desencadeia uma operação não sei o quê; muda o Secretário da SMOV e desencadeia
uma operação mudança de lâmpadas e assim por diante. Eu fico preocupado porque
sabemos que os antigos Secretários funcionaram muito bem, mas neste início de
governo a comparação está muito desfavorável, os novos, não sei se têm mais
cobertura na imprensa, mas alguma coisa está acontecendo que esses novos estão
mostrando serviço mesmo.
O SR. RAFAEL SANTOS: Retorno ao meu discurso
para solicitar ao Secretário Municipal do Meio Ambiente, já que o mesmo está
preocupado e está dando uma demonstração clara do seu desejo de limpar a
Cidade, o visual da Cidade através do reencetamento da Operação Colírio, que
releia os Arquivos da Secretaria e vai encontrar lá uma solicitação,
pressuponho, do Sr. Prefeito determinando ou pedindo que fossem cumpridas as
determinações legais. Faz mais de um ano que o Sr. Prefeito informou a esta
Casa, e é um documento oficial assinado pelo Dr. Alceu Collares, Prefeito
Municipal de Porto Alegre, em que ele determinou - as palavras são do ofício -:
“notificamos a empresa para remover a mesma num prazo de dez dias úteis”. Já
devem ter passado uns 200 dias úteis e ainda não foi cumprido. Parece-me que o
Sr. Secretário do Meio Ambiente, que está desejoso de reencetar essa operação,
que resgate a palavra do Sr. Prefeito Municipal e determine o cumprimento desta
notificação. Quando me foi encaminhado este Ofício o Sr. Prefeito teve o cuidado
de anexar a notificação em que dava um prazo de dez dias úteis para que o
infrator retirasse a propaganda da parede cega do edifício ao lado. Mas parece
que, uma vez prestada a informação, o Sr. Prefeito esqueceu demandar uma cópia
do ofício para a Secretaria do Meio Ambiente para que cumprisse o que o
Prefeito disse e assinou o que faria. Parece que é o momento de resgatar a
palavra do Sr. Prefeito. Embora com um ano de atraso, ainda há tempo e
determinar à empresa para que cumpra a Lei, retirando a propaganda ilegal que
lá está há mais de um ano.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quem sabe se não houve ainda dez dias úteis na
Administração.
O SR. RAFAEL SANTOS: O ofício não fala em dias
úteis da Administração, mas do calendário. É dias úteis do calendário.
Administração eu não sei, quem pode informar é o Ver. Valdir Fraga que
participou da Administração. Eu, de minha parte não posso informar.
O Sr. Valdir Fraga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Olha, da maneira como trabalha o Prefeito Alceu
Collares e seu Secretariado, faz dez dias úteis mesmo, porque é de segunda a
domingo, não tem feriado e nem domingo para esse grupo que trabalha e trabalha
pensando sempre na comunidade. Eu acho que tem razão o Ver. Werner Becker, dez
dias úteis se conta de domingo a domingo.
O SR. RAFAEL SANTOS: Então, nobre Vereador, se
contar dias úteis de domingo a domingo nós já temos 380 dias úteis, quer dizer
que já estamos com atraso de 370 dias que o Secretário não cumpre a palavra do
Sr. Prefeito Municipal. Eu acho que isto é um fato grave, porque, no momento em
que o Prefeito manda uma informação para a Câmara, é a sua palavra que está
sendo empenhada. O Prefeito está informando oficialmente. Ele podia telefonar e
dizer: “olha, eu vou mandar tirar”. Mas não é este o assunto, o Prefeito
oficiou o Ex.mo Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre. É uma comunicação oficial do Executivo para o
Legislativo de que, dentro de 10 dias seria providenciada a remoção. Eu estou
cobrando, agora, exatamente, porque a Secretaria está reiniciando uma operação
exatamente neste sentido! Então é hora de cobrar do Sr. Secretário Municipal do
Meio Ambiente a solução deste problema.
O Sr. Valdir Fraga: Eu gostaria de pedir
desculpas a V. Exa. pela maneira com que respondi à questão dos dez dias úteis,
mas me comprometo em providenciar numa resposta oficial e ver o que está
acontecendo, porque não foram tomadas as devidas providências.
O SR. RAFAEL SANTOS: Eu agradeço a V. Exa. mas a
resposta não foi a mim, mas ao Ver. Werner Becker que, na realidade, estava
questionando o problema dos dias úteis. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunicação de Liderança com o PMDB, através
do seu Líder, Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, embora não me tenha sido perguntado, vou mandar dois recados, hoje,
um até nem teria direito de mandar, mas, como cidadão de Porto Alegre, vou
expressar. Pediria que tomassem nota dos dois recados. Primeiro, não estou
gostando nada dos boatos que andam na Cidade de que a cabeça do Professor
Joaquim Felizardo está a prêmio, aliás, quem ler o Plano de Carreira do
Magistério vai notar que dos 70 professores que tem lá, 51 desapareceram de lá.
Não sei com quem iria funcionar. Então, estou preocupado. Problema interno do
PDT, não devem estar gostando da administração. Nós, do PMDB não estamos
gostando também, porque está sendo muito ineficiente – diga-se de passagem.
Seria bom que continuasse ruim, não houvesse programações que, aí, então,
poderíamos falar mal da Secretaria.
Agora,
gostaria de lamentar sobre o Prefeito Alceu Collares, ao citar nominalmente o
Governador do Estado Pedro Simon. Sempre houve uma admiração mútua da parte
deles. Essa admiração sempre se manifestava num respeito mútuo, que no meu modo
de entender, é lamentável da parte do Prefeito Alceu Collares, iniciando uma
ação contra o Governador Pedro Simon. Apesar do Presidente desta Casa nos ter
garantido de que iria conversar com o Prefeito, e o Prefeito prometera não
iniciar a ação, ele iniciou a ação contra o Governador Pedro Simon. Aliás,
passei por mentiroso, porque liguei para o Palácio, liguei para o Dr. Manoel
André da Rocha para dizer o que o Presidente havia-me dito, realmente, existia
um ação contra o cidadão Pedro Simon. Tudo bem. Acho que não existe nada como
um dia após o outro. Em primeiro lugar porque ao iniciar esta ação contra o
Estado solicitando os resíduos do ICM, vai-nos permitir que nós façamos as
compensações que há horas estamos tentando fazer com a Prefeitura, que nunca
pagou a CEEE, que não paga a CORSAN, que não paga a Caixa Econômica, e agora
nós vamos ter a oportunidade de fazer um acerto de contas. E algo me diz que se
as informações da Secretaria da Fazenda forem certas, nós ainda vamos ter
dinheiro a nosso favor.
Tenho muita
confiança na Procuradoria Geral do Estado, tenho certeza de que nós vamos sair
ganhando desta. Agora, também, digo o seguinte: quem começou a guerra não foi o
PMDB; nós não vamos fugir desta guerra. Existem ações que serão desencadeadas e
eu já posso dizer para os senhores que o Projeto Praia do Guaíba vai-nos
permitir dar o primeiro troco a essa ação da Prefeitura. Há muito tempo este
Vereador vinha solicitando ao Governo do Estado que jogasse duro. Já nos
episódios das interdições das escolas, cansei de pedir ao Governador que
jogasse duro, que não aceitasse as interdições, que fosse para a Justiça, que
levantasse estas interdições na Justiça. Mas por uma questão de estratégia não
aceitamos as interdições, ninguém jogou aqueles cartazes no chão e pisou em
cima – tudo bem, estão lá interditadas, estamos cumprindo. Agora, no momento em
que a Prefeitura baixa o nível e atinge o cidadão Pedro Simon, o troco há de vir,
por quê? Porque nós militantes do PMDB estamos exigindo que este troco seja
dado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em tempo de Presidência, o Ver. Brochado da
Rocha, está com a palavra.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, quero, em primeiro lugar, testemunhar de público e dizer ao Ver.
Flávio Coulon que S. Exa. não passou por mentiroso. Mentiroso não foi ninguém.
Realmente encontrando-me com o Sr. Procurador Geral do Estado, sem
interferência de nenhuma pessoa, conversava eu com ele sobre a ação. Tão logo
tomei conhecimento do que havia sido notificada a pessoa do Sr. Pedro Simon,
não do Governador Pedro Simon, notificada por S. Exa. Sr. Manuel André da
Rocha, dirigi-me ao Sr. Prefeito e disse que não entrava nos méritos do
problema. Notificado o Sr. Governador do Estado por se tratar de questões de
Estado. Tenho provas irretorquíveis. Faço questão de dizer que quero reafirmar
publicamente, digo, direi de novo, direi em qualquer lugar, que acho que devia
ser notificado, o Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul, e não o Sr.
Pedro Simon, como cidadão. Respondo isto em nome da verdade, e não é só S. Exa.
o Sr. Vereador comunicou, mas eu próprio, tive a ação de comunicar, quero
deixar esclarecido isto. Ademais, face alguns comentários, algumas posições
colocadas nesta tribuna por alguns dos Srs. Vereadores, quero deixar bem claro
a esta Casa o seguinte: existem dois tipos de chefias, um é a chefia que diz
que quer a obediência devida, aquela famigerada obediência devida que surgia na
Argentina e no Uruguai.
Quero dizer
que, nesta Casa, enquanto Presidente, não exigirei a obediência devida, aquela
famigerada empregada na Argentina e no Uruguai e sim a obediência à lei.
Ninguém, nesta
Casa, poderá usar, em qualquer momento, sob qualquer alegação, a obediência
devida, e sim a obediência estrita ao cumprimento da lei.
Se algo possa
ser equivocado, é próprio das pessoas humanas, mas os resultados dos fatos se
cingem à obediência estrita da lei, não existe obediência devida. Para tanto,
comunico, tal como posso fazer, que preguei por muitos anos a obediência à lei
e não a obediência aos dirigentes do momento. De outra parte, quero dizer aos
membros integrantes da Comissão referente ao Projeto Praia do Guaíba, para não
deixar equivocado o nome, que tão logo S. Exas. tiverem alguma dúvida sobre o
assunto oficiem-me de vez que não vou abrir mão da responsabilidade que me
cabe. Oficiem-me, que reunirei a Mesa para as providências legais,
imediatamente. Quero ser retilíneo. Recebi desta Casa várias admoestações –
peço ao Ver. Antonio Hohlfeldt que confira. Todas as admoestações que
recebi, as encaminhei devidamente, para o que peço o testemunho de todos os
Vereadores desta Casa. Sempre atendi a qualquer providência solicitada e desejo
me manter, pelo menos, leal aos meus colegas, acima ou igual àquelas idéias que
esposei e dentro da fraternidade e respeitabilidade que tenho por todos. No
calor do debate, muitas vezes, nós somos levados, porque é da natureza humana,
a situações de debates fortes. Porém, a lisura, a fraternidade e a concepção de
levarmos os bens da Cidade bem administrados estas devem estar acima de
quaisquer outras condenações.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Já que V. Exa. colocou que quem tem dúvidas deve
levá-las a V. Exa., eu protocolei, hoje, solicitando a instauração de uma
Comissão de Sindicância para apurar os fatos abordados pela imprensa no dia de
sábado e no dia de hoje.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Escutarei as Lideranças na
Casa, no sentido de indicar os membros da Comissão. Quero dizer que a Casa tem
uma direção pluripartidária e que as responsabilidades são coletivas, na medida
em que avançam, mas nós devemos ter um trato da coisa pública com a maior lisura
possível.
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na condição de Relator da Comissão designada para
apreciar o Projeto denominado Praia do Guaíba, eu quero dizer a V. Exa. que
confirmo integralmente a denúncia que fiz, dias atrás, sobre a atuação indevida
do Diretor do Setor Legislativo, na tramitação desse Processo, agindo sobre
funcionária da Comissão, mais precisamente a secretária, para que ela mudasse,
substituísse páginas do Processo. Isso é a mais cristalina verdade. Naquele dia
mesmo, me dirigi ao Presidente da Comissão, Ver. Rafael Santos, que aqui está,
para que, doravante, esse Processo não mais ficasse na Comissão. E quero dizer
também, e a Câmara me conhece que, apesar de eu ter uma posição crítica em
relação a esse Projeto, pretendi sempre agir com a máxima isenção, não
misturando a minha condição de crítico ao Projeto, incorporado àqueles que
pretendem uma reformulação do mesmo, com a de Relator. Quero dizer também que
este fato não é a primeira vez que acontece nesta Casa. Aquele Projeto do
Patrimônio Histórico também sofreu uns desvios de percurso, e eu levei ao
conhecimento de V. Exa. Inclusive, a data do recebimento do Veto foi rasurada.
E outras coisas já têm ocorrido na tramitação de projetos, isto não é novidade.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: V. Exa. se reporta a um
fato. V. Exa. sabe que foram tomadas, naquela oportunidade, todas as
providências, no sentido de identificá-lo. Não houve nenhuma identificação,
motivo pelo qual nós tivemos que parar. Ouvimos tantos quantos podíamos, e V.
Exa. sabe. Quanto ao demais, quero dizer que aqueles que se encaminham por
entender que houve vício na tramitação devem demonstrar o vício da tramitação,
a prejudicabilidade e a essenciabilidade da documentação. Creio que coloco,
nestes termos, de uma forma bastante retilínea e bastante aberta, o meu desejo
de termos posições, sim, mas termos, sobretudo, lisura, entre nós, de
conveniência e de procedimento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Rafael Santos): Com a palavra o Ver.
Brochado da Rocha pelo tempo que lhe cede este Vereador.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Srs. Vereadores, Sr.
Secretário no exercício da Presidência, em primeiro lugar cabe-me agradecer o
tempo que S. Exa. o Ver. Rafael Santos cede a este Vereador. Inicialmente quero
dizer nesta Casa um assunto de alta relevância, eis que o Poder Executivo
encaminhou a esta Casa uma matéria referente ao Magistério Público Municipal. O
Magistério Público Municipal manifesta com intensidade e sem questionamentos
para que esta Casa vote o dito cujo Projeto. Se há algumas nuanças de vírgulas,
modificações de períodos e outros, como assisti o Ver. Antonio Hohlfeldt
referir estes dias, ou outros, por ventura, existentes, acho que esta Casa deve
fazer um “tour” de forças imediatamente porque se temos divergências em
vírgulas, pontos, períodos, artigos, não temos divergência quanto ao mérito na
globalidade dos Vereadores. Chamo a atenção que hoje nós estamos próximos do
dia 15. Se não votarmos até o dia 15, o Magistério não receberá, o Magistério
chegou a esta Casa só com uma questão: quando lá receberam – a Verª Teresinha
Irigaray estava presente, o Ver. Rafael Santos e Ver. Raul Casa estavam
presentes, o Ver. Jorge Goularte e Ver. Valdir Fraga estavam presentes – só nos
questionaram, só fizeram um pedido: votemos até o dia 15 e não desejamos
Emendas, estão aqui referidos todos os Vereadores que me lembro – pode faltar
algum –, mas certamente aqueles que eu citei estavam, e esta Casa vai ter que
arcar – e este Vereador também, individualmente – com o ônus de procrastinar um
recebimento, adotando um procedimento rigorosamente inverso daquele que esta
Casa vem pedindo. Esse Plano de Carreira tem 10 anos de pedidos nesta Casa, ou
mais até, eu diria 12, pois me lembro de vários oradores aqui subirem à tribuna
e pedirem o dito Plano, e a categoria profissional a pedir o dito Plano. Agora,
nós, individualmente – e, por isso, pedi o tempo de um colega – não estamos
dispostos a arcar com esse ônus, nem que tenha que trabalhar sexta-feira à
tarde, por exemplo, reunindo todas as comissões. O Processo já está distribuído
em todas as Comissões da Casa; façamos um chamamento a todo Magistério para que
dê sua opinião no que quiser. Temos, ainda, sábado para reunir as Comissões, nada
impede à Casa de fazê-lo, agora, este Vereadores, arcar com esse ônus de
subtrair um vencimento de vez alguns de nós não concordam com artigos isolados
e com palavras, pontos ou vírgulas que eventualmente estejam errados, mas com a
substância geral da coisa todo mundo concorda, então, vamos ficar até quando
procrastinando? Mas procrastinando o quê? Aquilo que todos nós entendemos ser
meritório. Uns querem um caminho, outros querem outro, mas há que haver uma
uniformidade, senão, o todo vai pagar, e também o individual vai. E esse ônus,
individualmente, eu vou repelir, eu não aceito ficar com esse ônus como
Vereador desta Casa que durante 12 anos pediu esse Plano de Reclassificação.
A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Brochado da Rocha, Presidente desta Casa, V.
Exa. colocou perfeitamente o problema, e ele ficou cristalino, realmente,
participamos de uma reunião com a Presidente da Associação dos Professores
Municipais, onde apenas a categoria queria que o Projeto tramitasse com
urgência até o dia 15 para que fosse incluído na Folha de Pagamento e que não
houvesse as emendas. Isso foi pedido e até sugerimos que se fizesse uma reunião
com as Lideranças, para que os Líderes conselhassem as suas Bancadas, que seguissem
o pedido da categoria. Acho que V. Exa. colocou perfeitamente, a Casa não pode
arcar com o ônus que não lhe é devido, todos nós queremos aprovar o Plano de
Carreira do Magistério. Inclusive, junto com V. Exa. cogitamos de uma reunião
aberta aqui, com toda a Associação dos Professores Municipais, na segunda-feira
pela manhã, onde todos os Vereadores estariam presentes e debateriam os
principais problemas do Plano de Carreira. Mas, fundamentalmente, tem que ficar
a idéia, e isso V. Exa. já lançou neste Plenário, nós queremos aprovar, não
queremos que a Casa fique com esta imagem de que não queremos aprovar o Plano
de Carreira. Nós queremos. Acho que a Casa tem que se sair bem deste episódio
com o Magistério Municipal. Se, de repente, não fizermos uma reunião aberta, ou
amanhã, ou sábado, ou segunda-feira pela manhã, com a Casa aberta e livre, com
todos os Vereadores, com o Magistério junto, com a SMED junto, nós ficaremos na
história de Porto Alegre como algozes, como carrascos do Magistério Municipal.
Acho que a idéia de V. Exa. é excelente, o posicionamento é corretíssimo, a
Casa não pode levar essa cicatriz, e ficar contra o Plano de Carreira, nós
somos todos a favor.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Verª Teresinha Irigaray,
até consultei o Ver. Raul Casa para ter certeza, hoje é dia 9, segunda-feira é
dia 12, acho que impreterivelmente, as Comissões terão que se reunir,
sexta-feira, à tarde, para ouvir e segunda-feira, pela manhã, nós acertarmos as
emendas. Se o Ver. Raul Casa apresenta uma emenda e eu outra, apresento outra
igual ao do Ver. Rafael Santos, nós precisamos fazer uma seleção das emendas.
Agora, arcarmos com este ônus, nunca, Ver. Jorge Goularte! Porque ele é uma
conquista antes de tudo, desta Casa, que há doze anos pediu. E V. Exa. sabe disto.
V. Exa. pediu, agora V. Exa. pede e de repente V. Exa. é condenado. É isto que
não quero admitir. Doze anos pedindo. É isso que eu quero deixar aos meus
pares, que me considero aviltado, por não conduzir um problema. É claro que uma
panela que está fechada há 12 anos, quando abre, está fervendo, então ficam
todos furiosos com os professores. Eu até acho normal, mas estão querendo
execrar Vereadores, o que eu acho absolutamente sem fundamento. Eu tenho
certeza que todo mundo nesta Casa, no seu conjunto, quer aprovar o referido
Projeto.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Sr. Presidente, a Bancada do PFL coloca-se integralmente à disposição,
para que esse Projeto tenha a celeridade que V. Exa., judiciosamente, apregoa.
Contudo, saiba V. Exa., que algumas alterações, algumas sugestões que foram
feitas, visam na verdade a melhorar o Projeto. Somado a isso, a Emenda do Ver.
Hermes Dutra, retroagindo a aplicação da lei a 1º de maio, seguramente, nós
estamos assegurando aos professores esse Plano, como V. Exa. disse, é uma velha
aspiração da categoria.
O SR. BROCHDO DA ROCHA: Veja, Vereador, V. Exa. vem
com uma retroatividade, trazida por um Vereador. A essência é o plano, e repto
a qualquer um da Casa a dizer que não teria alguma coisa para colocar no Plano.
Todos os Planos de Carreira, de cada cabeça vai surgir uma sentença. Mas, Ver.
Raul Casa, V. Exa. coloca uma retroatividade colocada por um outro Vereador que
não está no Plenário neste momento. Mas eu quero dizer que aí vai é o que se
chama em direito “ultra petita”, além do pedido. A categoria profissional não
pediu isso, ela pediu que nós votássemos, para que elas pudessem receber esse
mês. Com essa Emenda, ou com outras, poderemos fazer uma conturbação tal, e de
tal forma, que não recebam este mês e que também não recebam em maio. De tal
sorte, quero alertar a individualidade dos colegas, enquanto colegas, como
colegas e, sobretudo, pelo entendimento que tive, pois conversei com todos
eles. É “ultra petita” a Emenda e são “ultra petita” muitas das colocações
feitas, vai além do que quer a categoria profissional. Todos têm direito de
apresentar. Agora, nós não temos o direito de procrastinar e lançar sobre nós,
nas nossas individualidades, uma responsabilidade daquilo que nós, nas nossas
individualidades, questionamos há algum tempo e lutamos e subscrevemos. Esta é
uma conquista basicamente e historicamente da Casa, da Câmara de Vereadores na
sua pluralidade partidária e da individualidade de cada um dos Srs. Vereadores.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Com a palavra, o Ver. Elói
Guimarães, pela Liderança do PDT.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, se nos afigura destituído de acerto o enfoque dado aqui pela
Liderança do PMDB, no que respeita à ação proposta pelo Município contra o
Estado, com visitas a colocar o Estado, à disposição do Município, o que lhe
corresponde referente ao ICM. A citação da pessoa do Governador é uma questão
formal que assim entendeu de ajuizar à Procuradoria. Não significa, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nem poderia ser diferente, nenhum agravo à pessoa
física individual do Governador do Estado e, sim, ao Estado por uma disposição
formal, processual. Assim entendeu a Procuradoria. Mas o que há de fundamental
é que também a Liderança do PMDB na Casa incide num erro e este veio colocado,
aqui, pela Procuradoria Geral do Estado, a compensação, tratando-se de crédito
de natureza diferente. Veja que o crédito que tem o Município para com o Estado
é um crédito de natureza Constitucional, em razão da própria natureza
federativa onde a Constituição da República e a Constituição do Estado
estabelecem as respectivas participações tributárias no bolo da receita
pública. Então, são coisas absolutamente diferentes e insuscetíveis de
compensação no campo do Direito. Seria o caso de, daqui da tribuna, também,
colocarmos que deveria o Estado pagar ao Município a conta de água que tem. São
questões diferentes, são créditos de natureza diferentes e, como tal, têm
tratamento jurídico, têm tratamento contábil, têm tratamento financeiro
diferentes. Seria o caso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. de,
exemplificativamente, tentar-se, numa execução, numa ação executiva, fazer-se a
compensação através de uma ação ordinária, por um crédito ordinário a ser
liquidado através de uma ação. Então, são naturezas diferentes, incompensáveis,
porque são créditos diferentes. O que existe, efetivamente, é uma apropriação
do Estado, Estado instituição, do que pertence ao Município e que é
indispensável ao Município para fazer face a suas imensas e gigantescas
dificuldades. Não está aí o Município a braços com problemas de toda ordem?
Sim. E o Estado arrecadou os recursos? Sim. E por que não dá ao Município? Por
que o Estado sonega o que pertence ao Município? Arrecadou? Sim. O munícipe, o
cidadão contribuiu para os cofres do Estado? Sim. E por que não dá o Estado ao
Município o que lhe pertence em razão de disposição constitucional que manda
colocar à disposição esse percentual? Pois é isto o que busca o primo pobre da
federação. E mais: discriminado pelo Governo Federal. Carrearam-se recursos
para as prefeituras, e nem vou falar as prefeituras de capitais; recursos para
as prefeituras deste País e para Porto Alegre não veio nada. Diante desta
situação o que restava ao Município, esgotadas as tratativas administrativas, o
que fez o Governo do Estado? Ação, até para mobilizar o Governo do Estado a
socorrer as dificuldades prementes que tem nosso Município. Esta questão de compensação,
no plano jurídico está equivocada. Não há compensação por serem créditos de
natureza diferente.
Fica aqui
nossa manifestação de que na ação proposta pelo Município contra o Estado não
há nenhum agravo pessoal à figura do Sr. Governador e sim o cumprimento de
parte do Estado para com o Município. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Liderança com o PSB, Ver.
Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, após intervenção do Ver. Elói Guimarães aprofunda-se mais uma
convicção minha que quero levar a esta Casa. Levanta, agora, Ver. Elói
Guimarães, mais uma questão em relação à contenda judicial entre a Prefeitura e
o Governo do Estado. Levanta a infugibilidade dos créditos. Talvez seja
possível, certa, em todo caso, é razoável. Mas isto me aprofunda uma convicção,
Sr. Ver. Cleom Guatimozim, Líder do PDT, Sr. Ver. Brochado da Rocha, Presidente
da Câmara, Sr. Ver. Elói Guimarães, que dissertou juridicamente sobre o
“affair”. Não teria o Sr. Prefeito, talvez, impensadamente cometido um gesto de
desapreço para com esta Casa, ao ter tomado a deliberação de ajuizar esta
questão em juízo onde se confronta o Município de Porto Alegre, Capital do Rio
Grande do Sul, com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul sem comunicar e
informar adredemente a esta Casa? Sr. Prefeito seguidamente vem aqui dizendo do
apreço que tem a esta Casa, dizendo da importância da comunhão da Câmara de
Vereadores com o Executivo e de repente, não mais que de repente, ajuíza uma
ação de magna importância contra o Governo do Estado e não informa, não
comunica à Câmara. Talvez tenha passado despercebido ao Sr. Prefeito esta
questão que entendo seja um desapreço a esta Casa, mas que se formularia em
total desapreço, se condensaria em total desapreço, se depois dessa intervenção
o Sr. Prefeito Municipal não levasse em conta aquilo que um dos Vereadores
disse e não contribuísse para esclarecer a esta Casa, sobre o real mérito desta
contenda. Sr. Prefeito, Srs. Vereadores, Dra. Teresinha, tão atenciosa no que
se diz aos interesses do Sr. Prefeito e me parece tão desatenciosa no que se
diz aos interesses da Câmara de Vereadores, a qual, inclusive num gesto que
também acho ser impensado, nos volta as costas. Já que o Sr. Líder da Bancada
do PDT saiu do Plenário, a sempre presente e vigilante Dra. Teresinha que está
aqui presente, eu peço, talvez suplico que se envie a esta Casa, ao menos, a
cópia da petição inicial e da documentação que instruiu o Processo, porque
talvez o Sr. Prefeito esteja pleno das mais elevadas razões e esta Casa pode
contribuir para lhe dar razão nesse preito. Nós, Sr. Prefeito Municipal de
Porto Alegre, fazemos parte, também, do Município de Porto Alegre. Nós
pertencemos ao Poder Legislativo e temos o direito de nos pronunciar por menor
que seja a nossa contribuição. De outra parte, por exígua que seja a nossa
participação, nós temos o direito de saber quais os motivos de fato e de
direito porque contendem Prefeitura e Governo do Estado. Os senhores delegados
do Executivo e do Governador Pedro Simon, e esse preito também faço ao Líder da
Bancada do PMDB, que tragam aqui as razões do Executivo. Embora juridicamente
não estejam brigados, mas politicamente estão brigados, que tragam por escrito,
as razões da petição que o Governador recebeu, da sua contestação, para que
nós, os Vereadores, democraticamente, possamos ao menos ter opinião a respeito
deste preito que se trava entre duas insignes personalidades do mundo político
do Rio Grande do Sul. No momento de abertura democrática os Legislativos
precisam saber do que se trata, porque, ao menos pelo que transparece pela
imprensa, por enquanto, se não adensarem o problema nos trazendo estas
informações ao Legislativo da Cidade e ao do Estado, parece que é uma mera querela
pessoal entre o Sr. Prefeito e o Sr. Governador. Se não for assim, queremos
saber as razões por que contendem pela imprensa e em juízo. Era apenas o apelo
que queria fazer ao Líder da Bancada do PDT e ao Líder da Bancada do PMDB. Nós
Vereadores de Porto Alegre temos o direito de saber do que se trata, de opinar
e, talvez, de influir. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt em
Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores., os jornais de hoje trazem referência ainda ao caso do Dep.
Fontelle, do Pará, integrante do PC do B, assassinado no ano passado, por sua
militância política, contrário ao latifúndio. E, de nossa parte, encaminhamos
cerca de um mês atrás, com apoio das Bancadas desta Casa, apelo ao Ministério
de Justiça em relação ao assassinato do Presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Pancas, no Estado do Espírito Santo, companheiro
Francisco Domingos Ramos, ocorrido no início deste ano. Recebemos, até com
surpresa, nesta semana, um conjunto de documentos, um dos quais assinado pelo
Secretário Executivo do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, de 31
de maio, Ofício 1037, em que, reportando-se à denúncia que fazíamos aqui na Câmara, comunica que
foi oferecida denúncia formal pelo Ministério Público do Espírito Santo contra
vários acusados do assassinato do referido líder rural com pedido, inclusive,
de prisão preventiva dos mesmos, recentemente remetido pelo Secretário da
Justiça do Estado do Espírito Santo. Nesse sentido, também vem, com data de 10
de maio, da cidade de Vitória, o pedido do Secretário de Justiça do Estado do
Espírito Santo, Dr. Sandro Shamom do Carmo, do pedido de prisão preventiva de
uma série de acusados, remetido ao Ministro da Justiça e depois o processo em
si, denunciando José Milton Breda, João Nascimento Ramos, vulgo João Ramos,
Valdir do Carmos Freitas, vulgo Cabo Valdir; Sebastião Barbosa Rodrigues, vulgo
Tião Delfino; Sebastião Fernandes de Souza, vulgo Sargento Nenê, qualificados
nos autos do inquérito policial, e que são, neste momento, indiciados como
culpados pelo assassinato daquela liderança sindical-rural no Estado do
Espírito Santo.
Creio que com
esta documentação, e inclusive, com o Ofício do Sr. Ministro da Justiça, Paulo
Brossard de Souza Pinto, de data de 23 de maio, dizendo do conhecimento do
processo e do indiciamento, é uma das raras situações no Brasil em que a
Justiça começa a se mover de maneira formal e oficial em torno de situações
claras de assassinatos de lideranças sindicais rurais. Estas situações têm sido
vividas nos últimos anos, ainda no tempo da ditadura, e que piorou nestes anos
da Nova República. Eu quero fazer este registro, portanto, satisfeito com a
medida e, ao mesmo tempo, com a resposta a nossa denúncia desta Casa, deste
Plenário, e, por outro lado, registrar que, como membro fundador da Anistia
Internacional – Seção Brasileira, nós colhemos cerca de 50 assinaturas, aqui na
Casa, em torno de um apelo formal que integra a campanha internacional da
Anistia Internacional em torno dos direitos humanos. Apelo este que diz: “Todos
os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Esta é uma promessa
histórica da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada há 40 anos
pelos governos das Nações Unidas. Nós, os abaixo-assinados, somamos os nossos
nomes a esta grande declaração e exigimos que seja respeitada por todos os
governos em todo o mundo. Em vários países nega-se até o direito de falar em
defesa dos direitos humanos. Milhares de pessoas têm sido presas e torturadas
por exigirem em exercer seus direitos. Muitos, também, desapareceram ou foram
mortos. Estes abusos devem cessar. Pedimos aos governos do mundo inteiro que
ratifiquem os tratados internacionais sobre os direitos humanos e que adaptem a
estes instrumentos suas leis e práticas internas e que os protejam em qualquer
parte do mundo. Em nome das vítimas presas e silenciadas, nós apelamos a todos
os governos e às Nações Unidas para que protejam todas aquelas pessoas, onde
quer que estejam, que levantem suas vozes na defesa dos direitos humanos.”
Este
abaixo-assinado, além de funcionários desta Casa, vem assinado pelos Vereadores
Flávio Coulon, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Hermes Dutra, Valdir Fraga, Jorge
Goularte, Raul Casa e por este Vereador. Ou seja, buscamos fundamentalmente as
Lideranças de cada Partido para que representasse o conjunto dos 33 Vereadores
aqui na Casa. E vamos, a partir de hoje, enviar de volta à sede brasileira da
Seção Brasileira da Anistia Internacional que por sua vez enviará à sede da
Anistia Internacional em Londres.
O movimento
pretende recolher, pelo menos, um milhão de assinaturas em todo o mundo e
enviá-las aos governos de todas as Nações do mundo, aquelas integrantes da ONU.
Eu creio que este movimento é importante, porque, se, no Brasil, hoje, nós já
contamos, novamente, com o trabalho do Conselho de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana, não é menos verdade que enfrentamos muitas situações em que
assassinatos, situações de constrangimento e violência ainda estão insolúveis.
Eu lembro, por exemplo, do caso recente em Porto Alegre daquele companheiro
negro que foi assassinado por brigadianos, quando transportado no carro, e
ainda não está devidamente esclarecido, pois houve uma condenação, mas houve,
ao mesmo tempo, um direito de “sursis” àqueles brigadianos. Temos situações de
cento e pouco líderes sindicais rurais no Brasil, que foram mortos nos últimos
anos, sem que a polícia e o Ministério da Justiça consigam, realmente, prender os
criminosos e lavá-los ao banco dos réus, e temos, enfim, situações como esta
que hoje se vive, inclusive, no episódio do caso Alex Thomas, em julgamento lá
em Capão da Canoa e, evidentemente, o próprio caso, que ainda é notícia em
Porto Alegre, envolvendo o Deputado José Antônio Daudt.
Creio que,
portanto, nesse sentido, manifestações contra a violência, manifestações em
nome dos Direitos Humanos como temos organizado, através da Anistia
Internacional, são importantes, independente de credos, independente de
posições políticas, acho que todos nós precisamos nos unir, na defesa dos
Direitos Humanos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Rafael Santos): Liderança com o PL, Ver.
Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, estamos aguardando, há alguns dias, a votação do Projeto do Pronto
Socorro, e esperávamos até que estivesse aqui o parecer, para se votar na
Reunião Conjunta das Comissões, para que pudesse ser votado manhã, e teremos
que fazer uma reunião extraordinária para dar os votos ao relatório conjunto.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores., não querendo atrapalhar ou criar óbices
ao Projeto do Pronto Socorro, nós esperamos – e por isso vamos deixar para um
outro Projeto – que o Sr. Prefeito Municipal realmente faça um plano de
reclassificação dos funcionários municipais, em todos os níveis, porque se o
mesmo tivesse feito um plano de reclassificação sério no Município, este
Vereador não estaria sendo acusado, injustamente, de estar criando cargos no
Município. Se a Prefeitura Municipal tivesse reclassificado aqueles
funcionários em desvio de função – funcionários efetivos do Município de Porto
Alegre – não estaria eu, talvez, à mercê de mentiras que são lavadas à
população de Porto Alegre, porque não vou me cansar de dizer que não criei
cargo nenhum, que não vou criar nenhum cargo no Município, num Projeto que teve
28 votos, num Colégio de 31, e que se uma só pessoa ingressar no Município pelo
meu Projeto, eu renuncio, dada a certeza que tenho de que o meu Projeto não é trenzinho coisa nenhuma e é apenas um
erro na matéria realizada, pois vem sendo feita sempre a análise em cima da
matéria, e não do Projeto e da Lei. Isso, infelizmente, acontece, é algo com
que a população de Porto Alegre tem que conviver, e este Vereador vem passando
por isso há vários meses, apesar de ter mostrado esse Projeto a jornalistas,
mostrado que não é nada disso, mas, o que posso fazer para que as pessoas falem
a verdade? Eu repito, o projeto é da Casa, 28 Vereadores derrubaram o Veto do
Prefeito, 11 da sua Bancada, e se não fosse um projeto válido, os Vereadores
desta Casa, inteligentes que são, com exceção deste Vereador, não teriam
votado, não teriam acompanhado meu voto. Não pode haver nenhum Vereador que
seja contra o projeto do Pronto Socorro, porque tudo que se fizer pelo Pronto
Socorro ainda é pouco, tem que ser mais. O Pronto Socorro tem que receber, do
Município de Porto Alegre e deste Poder Legislativo, toda consideração possível
para que seus funcionários, em todos os níveis, tenham o mais amplo
reconhecimento público. O Pronto Socorro Municipal é a menina dos nosso olhos e
nenhum Vereador pode ser contra. Portanto, podem-se tranqüilizar os
funcionários que não vai haver problema nenhum com o seu Projeto. E o Ver. Artur
Zanella, em conjunto com este Vereador, está apresentando uma Emenda de alta
relevância. Como é muito difícil uma pessoa ficar durante 15 anos numa função,
no Pronto Socorro, o Ver. Artur Zanella reduziu para 10 anos essa permanência e
elimina ainda, aquela necessidade de 2 anos de gratificação na função. Sobre
isso o Relator já vai dar o Parecer em seguida e o Ver. Artur Zanella quer, com
isso, atingir um maior número de funcionários que devem, justamente, merecer o
reconhecimento da população de Porto Alegre. De nossa parte, ao Pronto Socorro
tudo, aos seus funcionários, mas em todos os níveis. É preciso que deixemos bem
claro: houve a manifestação da Bancada do PDT, o Projeto não contempla todas as
categorias funcionais, mas nos foi dito que na votação desse Projeto seria
estendido a todos os funcionários do Pronto Socorro, em todos os níveis, seja
em que setor for. Porque se não for desta forma, não se fará justiça e nós, se
alguém não o fizer, vamos apresentar emenda para estender a todas as categorias
funcionais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrada a Sessão.
(Levanta-se a Sessão às
16h23min.)
* * * * *